Antigamente no tempo dos nossos avós, as pessoas mais velhas não eram um estorvo para a família, havia respeito por elas eram bem tratadas a sua palavra tinha muito peso, e quando se pretendia algum conselho recorria-se a quem tinha mais experiência, os mais velhos.
Mas hoje em dia tudo mudou, as notícias que nos chegam através da T.V. são chocantes; vários velhinhos foram encontrados mortos em casa há semanas , meses e até anos. Filhos que matam os pais, filhos que espancam as mães com grande violência. Só em 2010, 649 idosos foram vitimas de crimes e a maioria é agredida pelos familiares mais próximos. "Estas situações (segundo o Bispo D. Carlos Azevedo) demonstram antes de mais a crise da família que não é capaz de manter uma relação com as pessoas que já estão dependentes de outras. Isto é o resultado da sementeira que se tem vindo a fazer, de uma moral que prega o bem estar individual e egoista e se esquece que, eventualmente ao nosso lado há pessoas que precisam de nós."
A nossa época transformou os idosos num problema. Caso estranho ! A sociedade de hoje classifica as pessoas segundo a sua produtividade.E os idosos estão entre os improdutivos, são " como máquinas velhas, e "monos" que só estorvam. Que fazer então com este "material humano, já gasto?
Geralmente pomos o problema da seguinte maneira :
-onde alojá-los? como atende-los? como mante-los ocupados? como fazer para que nos aborreçam menos? Em vez de dizermos:
«Que bom ter-vos connosco!»
Mas habituámo-nos à ideia de que a vida só consiste em ir cada vez mais longe e mais depressa sem perder um minuto e não nos lembramos que " quando morre um velho é como se ardesse uma biblioteca ." Fica uma lenda para refletirmos sobre os nossos idosos:
Há muito, muito tempo, conta uma lenda que dizia que quando um senhor ficava velho de mais para trabalhar, os filhos levavam às costas pela serra acima até um casebre e deixavam-no lá abandonado para falecer longe de casa e da família, em paz, julgavam eles. Nessa altura havia lobos na serra e alguns dos idosos eram devorados pelos animais.
Certo dia, um homem levava o seu velho pai ás costas, subindo a serra, para o largar. Quando chegou ao alto, deitou o pai e, com pena, tapou-o com uma manta que levava, despedindo-se e afastando-se a pé. De repente, o pai chamou-o. O filho voltou para junto dele. Então rasgando a manta ao meio, o triste e resignado velhinho disse-lhe:
- Toma, filho, só preciso de metade!
- Mas... pai, assim vai ter frio! Fique com a manta inteira!
-não, filho leva esta metade, chega-me meia!
-Guarda a outra parte para quando os teus filhos te vierem cá abandonar!
O filho pegou na metade da capa e desceu a serra, angustiado. Sentou-se e pensou: " O meu pai tem razão: quando eu tiver a idade dele, os meus filhos também me abandonarão na serra e, acima de tudo, ele é meu pai."
Arrependido, voltou a subir a serra, pôs o pai às costas e levou-o de novo para casa.
A partir desse dia, nunca mais nenhum filho abandonou o seu pai na serra e foi proibida aquela absurda tradição por todas as terras do mundo.
( Madine Mussá)
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