Ver de longe
Uma criança que habitava na planície estava fascinada pelas montanhas lá longe no horizonte. Estas eram azuladas, leves, compactas, apareciam-lhe como um lugar paradisíaco. Eram tão diferentes da terra áspera e cinzenta onde vivia.
Uma criança que habitava na planície estava fascinada pelas montanhas lá longe no horizonte. Estas eram azuladas, leves, compactas, apareciam-lhe como um lugar paradisíaco. Eram tão diferentes da terra áspera e cinzenta onde vivia.
Um
dia, já crescida, cedeu ao fascínio do horizonte e decidiu pôr-se
a caminho. A viagem durou muito tempo através de planícies e
colinas.
Extenuada,
chegou finalmente ao cimo das montanhas, mas constatou com profunda
desilusão que as montanhas não eram azuis mas cinzentas e rochosas,
áridas e ásperas. Precisamente como a terra que tinha deixado. Mas
no horizonte delineavam-se outras montanhas azuis, violetas,
iluminadas por uma luz doirada. E voltou a partir.
Foi
preciso andar muito tempo. Mas, à medida que se aproximava, o azul e
a violeta desapareciam para dar lugar ao cinzento das rochas e ao
amarelo da erva seca. Mas no horizonte havia azul e rosa. E pôs-se
de novo a caminho.
Era
sempre uma nova desilusão. Um dia, visto que era vã a sua procura,
decidiu voltar para trás.
E
eis que todas as terras que tinha deixado eram azuis, leves,
mergulhadas numa encantadora luz doirada.
*
* *
Esta criança
acabou por descobrir que a sua terra, vista de longe, também parecia
bela. Era apenas uma questão de perspectiva.
Às
vezes, lamentamo-nos com a nossa sorte porque a vida dos outros
parece-nos muito melhor que a nossa...e acabamos por não valorizar o
bem que está, às vezes, tão pertinho de nós... sem nós darmos
por isso!
E
é só quando perdemos o que temos é que acabamos por lhe dar
o devido valor. Pense nisto...
(
in histórias do padre Júlio Grangeia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário