Todos nós conhecemos as parábolas de Jesus sobre o "fim do mundo", como por exemplo a parábola das dez virgens onde cinco eram prudentes e as outras cinco eram insensatas. Esta parábola simples tem como objetivo alertar-nos para "estarmos preparados", estarmos vigilantes para a vinda do Senhor. Jesus insiste na necessidade de todos nós estarmos preparados, e para isso não basta cumprirmos escrupulosamente uma série de ritos; reuniões, procissões,festas, sacramentos,orações etc. Tudo isso, inclusivé, pode criar uma rotina na nossa vida religiosa, e a rotina muitas vezes pode adormecer-nos.
Será que poderemos então dormir tranquilos na rotina das coisas da vida e da religião, quando a qualquer momento poderá chegar até nós a " tempestade da morte" ?
A história que se segue (da autoria de Bruno Ferrero, no estamos solos) ajuda-nos a refletir sobre tudo isto.
Um rapaz raro:
O dono de uma grande quinta precisava de alguém que tomasse conta das cavalariças e dos celeiros. Aproveitou a vinda dos rapazes à festa da freguesia para procurar, e encontrou um rapaz de 18 anos que vagueava junto ás barracas de bugigangas. Era um tipo alto e magro, que não parecia muito forte.
- Oi, rapaz, como te chamas?
- Alfredo, senhor.
- Estou à procura de alguém para trabalhar na minha quinta. Sabes trabalhar no campo?
- Sim, senhor. Sou capaz de dormir numa noite de tempestade!.
O aldeão sacudiu a cabeça num gesto ambíguo e foi-se embora. À tarde encontrou-se outra vez com Alfredo e voltou a fazer-lhe a proposta. A resposta de Alfredo foi a mesma:
- Sou capaz de dormir numa noite de tempestade !
Ainda foi tentar encontrar outra pessoa, mas não conseguiu. Assim, decidiu contratar Alfredo, que lhe repetiu :
- Pode ficar tranquilo, patrão: sou capaz de dormir numa noite de tempestade.
- Está bem, pronto. Depois veremos o que consegues realmente fazer.
Alfredo trabalhou na quinta durante váris semanas. Como o dono estava cheio de trabalho, não chegou a prestar a devida atenção ao que o rapaz fazia.
Mas uma noite acordou sobressaltado por uma tempestade. O vento enchia os caminhos, rugia nas árvores, sacudia as janelas. O camponês levantou-se.
A tempestade poderia ter aberto depar em par as portas dos estábulos e cavalariças, espantando as vacas e os cavalos, espalhando o feno e a palha, enfim podia ter feito ou estar a fazer toda a sorte de estragos.
Correu a chamar á porta do quarto de Alfredo, mas não obteve resposta. Bateu com mais força :
-Alfredo, levanta-te! Dá-me uma ajuda antes que o vento deite tudo a perder !
Mas Alfredo continuava a dormir.
O camponês não tinha tempo a perder. Correu escadas abaixo, atravessou a eira e chegou aos estábulos da quinta.
E então teve uma grande surpresa.
As portas estavam seguras. O feno e a palha estavam cobertos e atados, de modo que o vento os não pudesse levar. Os cavalos e as vacas estavam seguros, as cabras e as galinhas tranquilas. Lá fora o vento soprava em fúria. Dentro, os animais estavam tranquilos e tudo estava em segurança .
O rapaz fazia bem o seu trabalho de cada dia. Preocupava-se de que tudo estivesse em ordem. Fechava sempre as portas e as janelas para a tempestade em cada dia. por isso não tinha medo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário