"Cemitérios engalanados com crisântemos brancos. A morte vestida de flores. Os mortos e os vivos reunidos, por momentos, no mesmo lugar. Procuram-se, pensam uns nos outros, mas não podem encontrar-se. A angústia da morte destrói a alegria de viver. A morte é o todo-poderoso desmancha -prazeres que estraga qualquer sentimento de satisfação, destrói qualquer certeza e obstrui o órgão que me faz aspirar o gozo da existência. Ninguém sabe como tratar a morte.
Não se fala dela; esquecemo-nos dela. Mal acaba de passar o cortejo fúnebre, recomeça logo o trânsito normal. Não devo afastar de mim os pensamentos sobre a morte. Assemelhar-me-ia ao avestruz. É melhor fazer esta pergunta fundamental:
"É ou não é a morte o fim de tudo?"
Se é o fim, assume o caráter de uma terrível mutilação; se não é, a minha morte adquire uma dimensão extraordináriamente nova. Um sereno confronto com a morte - esse momento crítico da minha vida que terei de enfrentar sozinho - situa-me perante tudo ou nada, perante o sentido ou sem-sentido da minha existência. Ou Deus ou o vazio infinito. O segredo da vida e da morte coincide com o mistério de Deus. Assim como o meu "eu" pessoal, único, irrepetível não encontra qualquer explicação satisfatória na Física, na Química ou na Biologia, assim também não encontro uma resposta sobre Deus com o método das Ciencias Naturais. Só tenho nas mãos uma coisa: a esperança. A esperança que, até ao meu último alento, me dá a alegria de viver."
(in Amar de Phil Bosmans)
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