Deus criou o homem porque adora histórias. (E.Wiesel)
Espalhe amor por onde quer que vá : Primeiro que tudo na sua própria casa. Dê amor aos seus filhos, à sua esposa ou ao seu marido, ao vizinho do lado... Não deixe que alguém saia junto de si sem ir melhor e mais feliz. Seja a expressão viva da bondade de Deus ; bondade no seu rosto, bondade nos seus olhos, bondade no sorriso, bondade na sua saudação calorosa.
(Madre Tereza)


domingo, 9 de outubro de 2011

Um sorriso ao amanhecer

Eis aqui um testemunho impressionante de Raul Follereau.
Estava numa leprosaria numa ilha do pacífico.Tudo parecia um horrível pesadelo : cadáveres ambulantes, raiva, desespero, chagas e mutilações horríveis.
Todavia, no meio de tão grande tragédia, um velho doente conservava os olhos muito claros e sorridentes. Tinha o corpo coberto de chagas, como os outros, mas mostrava-se agarrado à vida, com ilusão e esperança, e tratava os outros com delicadeza.
Cheio de curiosidade diante daquele milagre de vida no inferno da leprosaria, Follereau pôs-se à procura de uma explicação : "o que é que está a dar tanta força e vontade de viver a este velho, completamente minado pela doença ?".
Andou a espiá-lo de longe. E acabou por descobrir que todos os dias, ao amanhecer, o homem se arrastava para a cerca da leprosaria, sempre no mesmo sítio. Sentava-se e ficava à espera. Até que, do outro lado da cerca, aparecia uma senhora, também idosa, com o rosto de finas rugas e os olhos cheios de doçura. A mulher não falava. A mulher não dizia uma palavra. Dava-lhe só uma mensagem silenciosa e discreta : um sorriso.
Mas o rosto do homem iluminava-se e respondia com outro sorriso. O diálogo sem palavras - colóquio mudo - durava só uns instantes ; logo o velho se levantava e regressava contente ao pavilhão dos doentes.
Assim um dia e outro dia, todas as manhãs. Uma espécie de comunhão diária. O leproso, alimentado e fortalecido com aquele sorriso, podia suportar outro dia de dor solitária e aguentar até novo encontro com o rosto sorridente daquela mulher.
Quando Follereau lhe perguntou quem era ela, ele respondeu :
"- É a minha mulher. " E, depois de um silêncio, continuou : "sabe, antes de eu vir para aqui, ela tratava-me em segredo com todos os remédios que encontrava. Um curandeiro tinha-lhe dado uma pomada. Ela todos os dias me cobria toda a cara com a pomada, exceto um pequeno espaço, o suficiente para colocar os seus lábios e dar-me um beijo... Mas tudo foi inútil. Então descobriram-me e trouxeram-me para aqui. Ela seguiu-me, mas não a deixaram entrar. Mas, quando cada manhã a volto a ver, sinto-me vivo ; e só para ela me dá gosto continuar a viver".
(Bruno Ferrero-Histórias para acortar el camino)

A história deste leproso, uma história real testemunhada por Raul Follereau deveria mexer-nos cá por dentro. Por todo o lado vemos situações idênticas, encontramos pobres de carinho tanto entre os pobres materiais como entre os ricos. Pessoas a quem, por isto ou aquilo, faltam sinais de afeto sincero.
Para compreendermos e percebermos isto, o antigo bispo de Coimbra D. Albino Cleto costuma contar um caso exemplificativo : um pároco de uma cidade resolve fazer uma ceia de Natal, não para quem não tem dinheiro, mas a pagar. E para quem ? Para quem não tem mais ninguém com quem vá passar a noite de Natal. O salão, diz D. Albino Cleto, encheu-se !! É isso.
Também temos outro exemplo : os idosos que recebem o apoio domiciliário que dizem eles ? : "ah ! é bom ; mas era melhor se pudessem ficar um bocadito mais a conversar connosco !" Fazia toda a diferença!
Como temos visto as partilhas " de carinho" entre a nossa comunidade ? Será que houve partilhas "de carinho"pelos mais pobres ?
Em que podemos melhorar a este nível as nossas partilhas "de carinho"?

Oração
Pai amorosíssimo,
Tu que nos criaste à tua imagem e semelhança,
continua hoje a purificar em nós essa transparência do teu amor,
de modo que nós amemos realmente as pessoas
com o mesmo amor terno e quente,
que não se limita a dar-lhes bens,
mas também sorrisos de acolhimento e gestos de ternura
que transforma a vida numa festa,
mesmo nos seus momentos mais negros.
AMÉN

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